As conquistas da nossa revolução passaram também por episódios de curiosa memória. No dealbar do Verão Quente de 1975, após o 11 de Março e a inauguração do PREC (baptizado pelo nosso Partido Socialista!) sucederam-se muitos eventos. Mas poucos como Torre Bela. Ao contrário da maioria das demais ocupações decorrentes da Reforma Agrária, esta herdade não era no Alentejo, mas no Ribatejo. Ao invés das demais ocupações, esta não foi instigada pelo PCP. Nenhuma outra teve, ainda, dignidade de cobertura por uma equipa de filmagens estrangeira.
Esta propriedade da Casa de Bragança (resquício já não do fascismo, mas de uma monarquia de privilégios) foi palco de uma história que deixa inúmeras perplexidades.
Como é que naquela região e com tão estranha coligação de ocupantes (ex-agricultores, a par de ex-presidiários) sucede uma ocupação de uma propriedade, sem o apoio das Forças Armadas e sem o apoio dos Partidos?
O que é que lá fazia uma equipa de filmagens)
Porque razão Palma Inácio envia Camilo Mortágua, seu braço direito, para se envolver na contenda?
O que se terá realmente passado em Torre Bela?
A entrevista ao realizador revela algumas respostas (mais esfarrapadas ou menos) e pode ser lida em http://www.atalantafilmes.pt/ PDFs/torre_bela.pdf.
O filme, raramente exibido, pode ser visto no Auditório Acácio Barreiros do Centro Cultural Olga Cadaval, no dia 24 de Abril, pelas 21h30.
